O Dia Nacional do Estudante é um símbolo de resistência, coragem e união, enraizado na história de Portugal e na luta pela educação e liberdade. Desde os anos 60 até os dias atuais, esta data tem sido um reflexo da agitação social e política que marcou o rumo do país.
As crises académicas do Estado Novo foram um ponto crucial na história do movimento estudantil português. Desde os levantamentos universitários em Coimbra em 1928 até as ondas de protesto em 1956, os estudantes enfrentaram desafios e obstáculos durante a sua busca por autonomia e liberdade. No entanto, foi em 1962 que a agitação atingiu seu auge, com a proibição da comemoração do Dia do Estudante e a violenta repressão das manifestações estudantis em Coimbra e Lisboa.
O ano de 1962 marcou um momento de viragem na consciência estudantil, levando a uma mobilização sem precedentes contra o autoritarismo do regime fascista. As greves, comícios, manifestações de rua e confrontos com a polícia destacaram a determinação dos estudantes em lutar por uma "nova Universidade" e por uma sociedade mais democrática e justa.
Apesar da repressão, o movimento estudantil não se deixou abater.
Nos anos seguintes, o ativismo juvenil continuou a crescer, desafiando o regime e exigindo mudanças. As prisões de líderes estudantis pela PIDE em 1965 e os protestos subsequentes demonstraram a crescente politização entre os estudantes, especialmente à esquerda.
A visita do presidente Américo Thomaz à Universidade de Coimbra em 1969 desencadeou diversos protestos por parte do estudantes, que se agravaram sucessivamente até desencadear uma greve geral às aulas. Como reação, o Governo procedeu ao encerramento da universidade a 6 de maio do mesmo ano. Manteve-se a greve às aulas, que se estendeu depois mesmo aos exames. Só em setembro terminaria a crise, quando o movimento se desmobilizou.
Apesar das tentativas do regime de conter o movimento estudantil, a reforma da Educação em 1971 apenas serviu para reforçar a determinação dos estudantes em sua luta. O surgimento de grupos marxistas-leninistas nas faculdades mostrou que a chama da resistência ainda ardia forte, apesar das adversidades.
Hoje, ao celebrarmos o Dia Nacional do Estudante, honramos aqueles que vieram antes de nós e lutaram por uma educação mais justa e democrática. É também um lembrete de que a luta pela liberdade e pela justiça nunca termina, e que é nosso dever continuar a defender esses valores.